sexta-feira, setembro 29

ILHAS DE MISSES

Os Açores descobriram, finalmente, a sua vocação para passerelle de beldades. Aqui, a vegetação luxuriante, a agitação marítima e, indiscutivelmente, a humidade fazem transpirar belezas que outros desfiles e paragens ocultam. Nestes rochedos vulcânicos renascem as formosuras da Atlântida, do continente perdido que Platão imortalizou.
Só assim se percebe esta vocação, tardia mas decidida. As mulheres (algumas mais meninas do que senhoras) desfilam na busca de exuberantes títulos. Miss Turismo, Miss Açores, Miss Ilha e Miss Concelho, que nestes casos se multiplicam por 8 e por 19, atestando que gente bonita é coisa que temos em fartura. Note-se que não disse com fartura, mas sim em fartura, em abundância, em grande número, porque a opulência do corpo, de algumas das suas partes, impede o passeio entre os holofotes ou, chegando à ribalta, tornam inacessíveis o manto e a coroa da fama.
Em teoria, ou em potência, como diriam os filósofos e os políticos, abundam beldades cá nas ilhas. O pior é que, desfilando com as misses das cidades europeias, os senhores que ajuizaram as medidas e atributos das candidatas foram incapazes de vislumbrar na nossa prata da casa uma pontinha de brilho.
Nesta coisa das beldades parece que, irremediavelmente, também ficamos na cauda da Europa.

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