terça-feira, fevereiro 20

"MODERNICES"

Segundo José Sócrates, o “sim” à despenalização do aborto é um sinal de modernidade. Até agora andei convencido de que parâmetros como a produtividade, a qualificação profissional, o sucesso escolar, a investigação científica, o rendimento das famílias e a qualidade da saúde, esses sim, eram susceptíveis de medir o nosso progresso, comparativamente a outros países da Europa comunitária. Afinal, parece que não.E se acaso eu é que estou equivocado, que dirá Carlos César daquela leitura imediata de José Sócrates? Se o “sim” ao aborto é um sinal de modernidade, os resultados eleitorais dos Açores dizem bem que caminhos vamos trilhando.

quarta-feira, fevereiro 14

FUGIDO NOS AÇORES



Quantos mais longe de Felgueiras, melhor!

HIPÓCRITAS!

Era previsível o desfecho da vitória do "sim". Mal se apanharam com o voto do povinho, logo os senhores da maioria se arrogam de interpretar a seu belo prazer a resposta do referendo. Para se ver a preocupação dos socialistas com a saúde das mulheres e a responsabilidade de quem é confrontado com a dramática decisão de abortar, basta ver que dispensam a obrigatoriedade do aconselhamento médico.

segunda-feira, fevereiro 12

IRONIAS REFERENDADAS

Os habituais cronistas, comentadores e analistas dos processos eleitorais, desta vez esqueceram-se de dizer que venceu a abstenção. Dá jeito, não dá?

Levando a sério a afirmação de Sócrates de que o país deu um passo para a modernidade, como interpretar os resultados nos Açores?
A estupidez da afirmação é inconveniente para César...

quinta-feira, fevereiro 1

AMIGAS... POR UM DIA

Por um dia o mundo é delas. Num esfregar de olhos impõe-se uma espécie de ditadura matriarcal, de domínio absoluto da rua, dos espaços, das conversas. Os homens são reféns da sua condição minoritária. Ironicamente, esta noite são reclusos em casa própria. Acorrentados pela dominação das amigas.
Restaurantes, hotéis, bares, salas de espectáculo, transformam-se num campo de batalha onde se digladiam amizades, se desferem olhares atrevidos, se cruzam vozes irreverentes, despidas de inibições. Um harém de fazer inveja ao mais rico sultão das arábias.
Não há segredos, nem medos. Hoje o sexo fraco faz da condição a sua força, arma de arremesso, infalível. Por momentos, elas dizem-se mais amigas do que nunca. Em honra dos folguedos lançam tréguas. São capazes de esquecer quezílias, pequenas traições, invejas, vestidos repetidos e amores repartidos.
Sem rebuço, devo dizer que aprecio mais este dia do que a festa que o precedeu, há uma semana. Impedido de penetrar nos segredos da noite que aí vem, nem assim deixo de imaginar quanto reboliço, quanta excitação se produz nestes momentos inigualáveis, quanta beleza desafia a arte e o engenho masculino da sedução. Além disso, por um dia, melhor dizendo, por uma noite, lá em casa mandamos nós, os homens. Uma vez por ano a solidão tem as suas recompensas.
Na máquina, a loiça arruma-se num ápice – um prato, um copo, um talher. No sofá sobra espaço para esticar o corpo inteiro, sem cuidados de boa educação e olhares de reprimenda. Tornamo-nos donos e senhores de sessenta canais de televisão e até o precioso comando do televisor obedece, irrepreensivelmente, ao nosso desejo.
Breves instantes. Amanhã volta a rotina da guerra dos sexos. Amigas, amigas, amores à parte. Cada uma perfila-se na conquista do seu espaço, do seu amado, cada volta a ser dona das suas teimosias e do seu nariz. Adeus tréguas. Adeus descanso. Amanhã, nelas mandamos nós e lá em casa… mandam elas.