Os políticos vão de férias, antes do calor apertar. Compulsivamente. O país dá-lhes folga. A alguns porque são dispensáveis. A uns quantos, porque desconhecemos o que fazem e, portanto, é indiferente a sua presença ou ausência. E a muitos porque, assim dispensados, concorrem menos para a desgraça da Nação.
Até meados de Julho, mandam as festas e o futebol. É obvio que a expressão é redundante, pois o futebol é, em si mesmo, a festa que mais devotos congrega e mais paixões desperta. Cristãos, muçulmanos e agnósticos, gente da direita, da esquerda e do centro, patrões e trabalhadores, todos se rendem à religião do golo, à política do drible, aos milhões do remate certeiro. Miúdos e graúdos, homens e mulheres, todos, deitam para trás o conflito de gerações e dão tréguas à guerra dos sexos.
Até meados de Julho, as selecções nacionais de futebol mandam nas nossas vidas. Sintonizamos a atenção para dentro das quatro linhas. O rectângulo de jogo transforma-se na figura geométrica perfeita. O relato nas ondas hertzianas tem a musicalidade de uma sinfonia e mais argumentos do que um debate parlamentar. As imagens da bola no ecrã valem outro tanto como as paisagens da Maluda ou um quadro neofigurativo de Júlio Pomar. E a decisão do árbitro é sentença judicial, que mantém uns em prova e outros devolve às origens, de mãos a abanar.
Até meados de Julho as selecções nacionais de futebol estipulam horários, fazem primeiras páginas nos jornais e conversas nos cafés, monopolizam audiências, tomam conta dos televisores, desfraldam bandeiras.
sexta-feira, maio 26
POLÍTICOS DE FÉRIAS (I)
Publicada por Joaquim Machado à(s) 21:46
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