terça-feira, dezembro 5

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Sentado no sofá, dou por mim de olhos arregalados para aquela mulher perfeita, capaz de transportar a bilha do gás, tarefa que lá em casa me cabe sempre em sorte. Sinto-me atraído pelo abismo, por um sortudo acidente, que traga ao outro lado da linha a Marta, segura na sensualidade da sua voz.
A mim, garanto, ninguém me apanha naquela infelicidade de ser traído por uma assinatura da televisão por cabo. Homem prevenido vale por dois. E se adorar publicidade, vale por uma rua inteira.
Portanto, rendo-me à publicidade. Por tudo isto. E muito mais. É que nesses momentos de prazer escapo à fúria propagandista de umas certas figuras políticas nacionais e regionais. Ainda por cima, altivas, empoeiradas, mal vestidas, anafadas e sorumbáticas. Fora de prazo.

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