terça-feira, dezembro 19

DIRECTAS: DESCARAMENTO!

No PSD/Açores, muita gente bateu o pé a uma proposta de eleição directa do líder, apresentada no Congresso de 1997.
Em Janeiro de 2005, quando Victor Cruz não se opôs a esse novo método, muitos aparelhistas converteram-se às “directas”.
Hoje, passados quase nove anos e aprovado o regulamento das eleições, os tais renitentes dão hossanas à participação de todos os militantes na escolha do seu presidente.
Convertidos? Julgo que não. Conveniências.

terça-feira, dezembro 5

PUBLICIDADE (1)

Não resisto à publicidade. Fascina-me a persuasão dos slogãos, a insinuação da música e a força das imagens. Rendo-me à capacidade de sintetizar uma grande história em dez segundos de televisão e rádio ou no clique de uma máquina fotográfica.
Fico preso à criatividade do argumento e à sensualidade das mensagens. Na televisão, o apelo aos sentidos deixa-me preso ao ecrã. Enquanto o comum dos telespectadores aproveita esses espaços de interrupção dos filmes, das telenovelas, das transmissões desportivas ou dos telejornais, para saltar entre canais e distender o corpo e o espírito, eu redobro a atenção, fixo-me nas imagens, na sequência dos movimentos, em cada gesto, cor e som. Mudar de canal está fora de questão. Só quando a publicidade acabar. E de preferência saltar para uma estação que me ofereça outro tanto tempo de aprendizagem, de fascínio e de contemplação.

PUBLICIDADE (2)

Sentado no sofá, dou por mim de olhos arregalados para aquela mulher perfeita, capaz de transportar a bilha do gás, tarefa que lá em casa me cabe sempre em sorte. Sinto-me atraído pelo abismo, por um sortudo acidente, que traga ao outro lado da linha a Marta, segura na sensualidade da sua voz.
A mim, garanto, ninguém me apanha naquela infelicidade de ser traído por uma assinatura da televisão por cabo. Homem prevenido vale por dois. E se adorar publicidade, vale por uma rua inteira.
Portanto, rendo-me à publicidade. Por tudo isto. E muito mais. É que nesses momentos de prazer escapo à fúria propagandista de umas certas figuras políticas nacionais e regionais. Ainda por cima, altivas, empoeiradas, mal vestidas, anafadas e sorumbáticas. Fora de prazo.